Vovó Bisa

Eu senti. Senti como se seu amor estivesse me envolvendo. Senti seu perfume, seu abraço. Chorei, porque há tempos não a via assim. Era como se estivesse ao meu lado, sentada, me olhando.
Vovó Bisa, era como eu costumava chamá-la. Ela vinha de tempos em tempos passar longas férias aqui. Vinha de longe, da terra onde se puxam os 'esses' e as palavras costumam ficar mais compridas. Veio quando eu era pequenininha; me deu banho, me abençoou, me ninou, me sorriu, me encantou. Veio então sempre, sempre veio. Sempre sorrindo e me ensinando os fascínios da vida. Sabia cantar, tivera tempos melhores, mas ainda possuía a magia da voz e a meiguice. Na minha infância sempre esteve presente. Na adolescência também. Gostava tanto de conversar com ela, contar sobre a vida e fazer a vida ser contada com o rádio à pilha sempre ligado ao fundo.
O tempo passou e a distância entre uma visita e outra ficou maior. Por fora se via os longos traços da vida; por dentro a grande criança que ela possuía. Não dispensava uma cervejinha nem um sambinha. Era feliz.
Há um ano não passa mais as férias aqui. Tem um ano que o rádio não toca mais. Não sinto o seu perfume nem sua voz, a voz da sabedoria. Mas mesmo assim ainda a vejo. É só fechar os olhos, é só sentir o vento, é só olhar as fotos e saber que quem foi não foi pra sempre. Quem foi, foi pra um dia poder voltar e fazer a gente lembrar o quão amada foi e o quanto a vida ainda tem a nos ensinar.

Comentários

  1. Rafinha, minha pequena, minha lindinha... Como o tempo passou e você cresceu assim? assim tão depressa e com tanto talento! Puxa filha, fiquei impressionada com o belo texto que você fez para a nossa querida e inesquecível Vovó Bisa! Ela,aonde quer que esteja nos protejendo lá no céu, com certeza está muito orgulhosa da bisneta que tem! Fiquei tão orgulhosa também, que tomei um susto! Foi como da primeira vez que eu ouvi você me chamar de mamã, da primeira vez que vi você dar os primeiros passos, a vez que você ganhou aquela medalha de natação na creche Assefe...Minha pequenininha cresceu, amadureceu, e continua talentosa....( lembrei também das suas cantorias quando pequena, quando vc tinha 2 aninhos...)e que talento para escrever, hein? ADOREI! PARABÉNS! QUE SUA INSPIRAÇÃO CONTINUE AFLORANDO SEMPRE... UM BEIJO COM CARINHO DA MAMI QUE TE AMA E QUE É A CADA DIA MAIS ORGULHOSA DA FILHA QUE TEM... UM BEIJO, UM BEIJO, MIL BEIJOS...

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  2. aposto que a bisa tá orgulhosa desse texto pra ela (:

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  3. Rafinha,
    Meu nome é Tatiana, sou filha do Wilkerson. Nunca nos conhecemos, mas já vi muitas fotos suas e dos meninos... A minha tia Emyr abria o notebook e mostrava foto por foto, contando detalhes do dia, do lugar... Lembro dos olhos iluminados da vovó sentindo orgulho dos bisnetos e sempre dizia que você seria modelo, tamanha a sua beleza! E nisso eu tenho que concordar e acrescentar que você será modelo sim. Fotográfica se quiser, mas com certeza querendo ou não já é modelo, referência, exemplo de sensibilidade, amorosidade, e de sabedoria.

    Não sei como estou conseguindo escrever, pois, suas palavras tocaram de forma profunda todas as minhas lembranças. Fui longe, lá na minha infância resgatar incontáveis momentos mágicos. Hoje estou com 30 anos, dia 15 farei 31 (o tempo passa e a gente não sente), tudo o que foi relembrado parece ter acontecido num passado tão recente, tão presente...
    Houve um tempo em que vivíamos (eu, meu irmão Marcus, Minha mãe, meu pai, vovó, tia Marly, Henriette, Felipe, tia Dayse e todos os primos) num lugar chamado Santa Cruz da Serra. Lembro da rua, das casas, lembro do cheiro, e do embaçado no asfalto causado pelo calor na estrada que se via bem lá longe. A tal rua era praticamente nossa, e a casa da minha infância era bem ao lado da casa da vovó. Meu irmão Marquinhos, acordava muito cedo, andava na ponta dos pés pra não acordar meus pais, e ia para cima do telhado. Não me pergunte como, pois eu não sei. Só sei que ia acompanhado da Preta, cachorrinha que mais parecia um cavalo de tão grande. Iam os dois sorrateiramente e passavam lá pro telhado da casa da vovó para pedir pão com manteiga e café com leite adoçado pelos torrões de açúcar que povoam ate hoje o imaginário da minha meninice. Lembro também, do capitão. O capitão não usava farda nem nada, era mesmo um arroz com feijão amassado pelas mãos mágicas da vovó... Todos os netos comeram capitão! Ah! Tem uma coisa que você felizmente não conheceu! A espada de São Jorge... Sortuda menina você (rsrs)! A vovó corria atrás da meninada com uma folha dessas nas mãos, mas também, tanto neto levado junto... Enfim.

    Rafinha, eu senti tão forte a presença da vovó Nadege na sexta-feira. Meu coração acelerou e tive um misto de sensações. Fiquei um pouco saudosa e ao mesmo tempo com vontade de ficar perto de todas as pessoas que amo. Então no domingo fui pra casa da minha mãe e da minha avó Marieta aproveitar cada segundo ao lado delas. Fiquei por longo tempo só com a minha avó, olhando, filmando mentalmente, decorando, fitando cada detalhe, trejeito, sorriso... E percebi que ao olhá-la de forma tão minuciosa, eu a envolvia numa aura de amor que acarinhava o meu coração, o dela... Lembrar da minha avó na sexta fez com que sentisse necessidade de aproveitar ao máximo tudo e todos de uma forma muito mais intensa.
    Estou feliz, muito feliz, pois tivemos a presença da vovó bem pertinho da gente. Estou feliz por ela, estou feliz por você, por mim. A vovó teve a oportunidade de nos visitar e nos banhar de amor nesse período de Páscoa e esse é o maior presente que poderíamos receber.

    Parabéns por ser uma menina encantadora!
    Um beijo E-NOR-ME no seu coração!!!

    Com muito carinho, da sua prima (tia-prima? ... peraí que agora me confundi... se sou prima da sua mãe, eu sou o que sua???)

    : ) Tati Loren.

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  4. Rafinha querida,
    Muito legal ler seus escritos...tão cheios de emoções e de sentimentos.Não conheci sua Bisá mas acredito que tenha sido uma pessoa muito especial e significativa em sua vida.
    Fico feliz em vê-la abrindo as asas para alçar vôos...viagem enriquecedora que lhe proporciona um conhecer a si mesma e um deixar ser vista pelos que lhe rodeiam,como eu.
    Seguirei,mesmo que de longe,seus primeiros passos na arte de escrever...
    Você é uma pequena grande mulher pela qual tenho uma profunda admiração!
    Amo muito vc.
    Beijo no coração.
    Da tia que muuuuuito lhe admira!
    Núbia.

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