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   Ele nunca foi um homem de muitas palavras. Preferia dizê-las a escrevê-las. Preferia caras e bocas; olhares como havia dito uma vez. Não possuía muito manejo em unir as letras em um papel e sabia disso, mas possuía a habilidade de transformá-las na ponta da língua.  Ela, ao contrário, sempre preferiu escrever seus sentimentos. Desde os mais intensos até os mais ingênuos. Adorava ouvir as palavras saírem da boca dele. Ele adorava ver as letras se desenharem no papel que ela escrevia. Se perguntaram uma vez se os opostos se atraíam.
   Ninguém sabe ao certo o quão intenso foi a química dos dois, mas de uma coisa todos sabiam: que era algo que se podia sentir no ar, em seus olhares, em seus gestos, em suas palavras, sejam elas escritas ou ditas. Ele dissera-lhe uma vez que quando a viu percebeu que ela possuía um encanto diferente. Um olhar diferente. Gostava de falar do seu perfume, um cheiro que para ele parecia não haver igual. Ela sentiu desde o começo a ligação forte que tinham. Não importava o quanto ela brincava quando falava que era quente, mas gostava do calor do corpo dele junto ao dela.
   A vida então, tomou rumos diferentes. Podiam até ter planejado um futuro próximo algum dia, mas não podiam prevê-lo. Se pudessem talvez não teriam se apaixonado. Ou teriam há mais tempo. Ou ainda estariam, quem sabe... O que importa é que se amaram um dia. E eles sabiam disso. Apesar do longo pouco tempo juntos, sabiam disso dentro deles. As vezes é preciso retornar ao passado para colocar alguns pontos fora dos 'is'. Ou até descobrir outros caminhos não vistos antes. Podem até se perguntarem se as escolhas feitas foram as mais certas. Mas como saber se nunca tentarem outras opções? E se erraram algum dia, poderiam de uma próxima vez, tentar não persistir no erro. Mas uma coisa é certa: as vezes ele se pega pensando nela, da mesma maneira como pensava antes, e ela sente, apesar de estar bem longe que os olhos dele repousam sobre os dela.