Não o mais fácil, mas o mais curto

 Queria começar escrevendo tanta coisa… foram tantos dias pensando, pensando e pensando no que eu queria que você soubesse. Talvez fosse mais um desabafo para mim mesma do que de fato uma carta que eu quisesse te entregar. Não sei se você sabe mas eu sou muito boa em escrever. Sempre me ajudou a organizar as emoções. Regula como chorar bem muito, sabe? Bem, cá estou. 

Não sei por onde você anda. Se continua pulando de airbnb em airbnb; na ponte aérea brasília-são paulo ou se já mudou de país. Se nossas noites fizeram saudade como fez aqui ou se já terminou de assistir o último episódio de grey’s anatomy. 

Hoje, voltando pra casa, a saudade bateu com força. Fazia um bom tempo, sabia? Talvez eu esteja enfrentando um dia não tão fácil e por isso ela tenha dado suas caras. É que me sentir vulnerável não é fácil, te disse né? Mas no curto período que estivemos juntos isso pareceu ser fácil demais ao seu lado. Acho que seu abraço me fazia sentir protegida. 

É isso.

Que loucura né? Como podemos nos permitir viver coisas tão boas e por timing, disposição e escolhas nossos caminhos se encontraram e depois se seguiram.

Teve tempo que eu achei loucura toda essa intensidade. Mas aprendi que nos leva a tantos lugares bons. Tipo isso: nós. 

Gostaria que tivéssemos tido mais tempo. Mais jantares enchendo o saco do ifood atrás das notas. Gostaria de ter te ensinado mais sobre tecnologia (velhinho). Gostaria de ter dormido mais de conchinha por mais que eu morresse de calor 5 minutos depois. 

Apesar do encontro ter sido leve e incrível, escolher não ficar foi a parte menos fácil. Tem sido, quando lembro. Gostaria também de ter conversado mais sobre isso. Mas sei lá, as vezes tirar o bandaid de uma vez pode ter sido o caminho mais curto mesmo. Não o mais fácil, mas o mais curto.

Uma das escolhas mais certas que fiz foi viver de verdade uma relação gostosa. Com todas suas delícias e intensidades. Poder ser eu mesma sem medo. Disposta a sentir, a me despir e a construir.

Tendo pouco tempo ou muito juntos em algum momento eu estive disposta a viver tudo que a gente tinha que viver até a hora de você ir.

Gostar e estar disposta são coisas difíceis de caminharem juntas quando temos que fazer escolhas…

Sabia que eu estava te descobrindo e me encantando com sua pessoa. E estava adorando me permitir viver aquilo. Me entregando num lugar que até então eu cabia por inteira, sem pensar muito no tempo que eu permaneceria por ali.

E eu acho que essa era a graça de tudo. Estar inteira e transbordar. Permitir e viver. 

E apesar de te achar incrível, eu sabia que eu gostava muito mais de mim. E quando eu deixei de caber inteira nesse lugar, resolvi ir. 

Seu sorriso no canto da boca, seu beijo com gosto de balinha de uva, sua serenidade e nossas noites “vendo” grey’s anatomy deixaram saudade. To aqui me organizando, querendo te ligar pra dizer que tive um dia daqueles, que a empresa tá crescendo, que eu tô trabalhando tipo um cara ai que tem uns horários malucos. 

Sei que amanhã a saudade vai bater diferente. E depois, depois e depois. Mas hoje, ah! hoje tá foda. 

Espero que você esteja bem, indo atrás do que te faz feliz! Que eu tô! construindo aqui meu pequeno grande império, construindo meus planos, me permitindo apaixonar outra vez, querendo conhecer o mundo lá fora, trocando as plantas de lugar no apartamento, colocando um novo sofá na sala.

Só grey’s anatomy que tá lá. Último episódio sem ser visto até hoje. Um dia eu chego nele, quem sabe.