O Relógio

O antigo relógio de corda ficava pendurado na parede da casa. Após alguns minutos observando o objeto que balançava pra lá e pra cá, a criança que acompanhava pacientemente seus ponteiros, percebeu que por mais que os ponteiros demorassem para andar, eles sempre andavam para frente. Nunca voltariam para registrar qualquer hora esquecida pelo caminho. E por mais que demorassem a andar nunca marcariam as horas seguintes por mais que a corda fosse dada.
Certa manhã esqueceram de dar corda no relógio e então ele parou. O garoto desapontado com os ponteiros que não rodavam mais, saiu de casa à procura de nova diversão. Sentou-se na calçada, observando o movimento das pessoas. 
Muitas pessoas passavam apressadas, atrasadas, correndo e nem viam o garoto sentado no chão. Outras passavam planejando o seguinte e também não notavam sua presença ali. Alguns poucos percebiam os olhos observadores do garoto e lhe cumprimentavam dizendo "bom dia". 
O garoto percebeu pois que suas vidas eram iguais a daquele relógio. As pessoas que passam apressadas, tinham esquecido algumas horas ou minutos pelos caminhos, mas nunca voltariam para buscá-los. Aquelas que passavam pensando nas horas e minutos seguintes nunca os alcançariam, por mais que corressem para tal. Somente aquelas poucas que o percebiam ali viviam as horas verdadeiras. Percebiam e sentiam o presente, pois ele era o único momento verdadeiro naquele instante. Ele era determinado pelo passado e aquele que determinará o futuro. Um dia será passado mas nunca futuro. 
Sempre mudando, como os ponteiros do relógio, de presente.

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