A minha vida

Tento lhe dizer leitor, o que sinto há dias, mas não consigo achar palavras certas pra descrever meus sentimentos. Talvez seja porque elas não existem ainda. Talvez seja porque hei de inventá-las agora. Por isso leitor, não estranhe a minha imaginação. Só pretendo transformar sentimentos em palavras o que, particularmente, acho difícil.
Só a fim de lhe situar: sou uma vestibulanda com 17 anos de idade e a partir de hoje exatamente, faltam 10 dias para o meu vestibular. Quero fazer Arquitetura. Acho legal a profissão. Gosto da parte artística que me toca. Me sinto à vontade com a minha escolha. Estou mais do que certa dela! Passei 5 meses estudando para o tão esperado dia. No momento me sinto fragilizada, não pelo fato de achar que não estudei nada e que meu esforço não foi o máximo. Posso até lhe dizer que cheguei a momentos fazerem lágrimas caírem de meus olhos por não aguentar mais estudar. Mas todo mundo tem um dia assim, principalmente quando o assunto é mulher. São os hormônios, eu diria. Eu não os culpo, mas se eles existem e realmente nos transtorna, nesse caso eles tem sim um pouco de culpa.
Durante esse tempo quase de regime militar (eu não estou exagerando, só um pouco) aprendi, amadureci e o que para mim foi o mais importante e mais me deu suporte nesse tempo todo foram as amizades. Pense comigo, eu passava mais tempo no cursinho com os amigos que fiz por lá do que com a minha própria família. Como que em tão pouco tempo as coisas não poderiam fluir da maneira como fluíram? Fiz um dia as contas: das vinte e quatro horas do dia, quatorze eu passava dentro daquele lugar. É mais do que claro que o vínculo de amizades que se cria ali dentro é muito mais forte do que qualquer outra coisa. E para mim, muitas foram verdadeiras. Um exemplo? Experimentei uma hoje! Tenho a maior certeza do mundo que foi uma das melhores amizades que ja tive na vida. E tenho certeza que é recíproco. Além disso, cursinho deixa as pessoas carentes. Todos sabemos disso. Meus amigos de longa data diziam "Mas você sumiu, não liga mais, não dá notícias, não aparece nunca!" e a única coisa que eu podia dizer era "É o cursinho, meu bem...".Cursinho...
Cursinho também acaba com os namoros. Experiência própria, de amigos próximos, conhecidos também. Mas cursinho nos apresenta o amor. Conheci também. Gostei do que conheci. Gosto. Mas às vezes, pela convivência demasiada, eu diria, as coisas acabam crescendo muito rápido. Que nem as amizades cresceram rápido, porque o amor não havia de crescer? Cresceu, mas foi rápido demais que ninguém conseguiu acompanhar. Tempo para respirar, repassar as ideias, refletir. Cabeça no lugar, vestibular: 10 DIAS!
Mas agora você me pergunta se eu me arrependi de cada coisa que fiz e a minha resposta é não. Não me arrependo de nenhum sorriso, nenhum abraço, nenhum beijo, nenhum amasso, nenhuma conversa, nenhuma lágrima, nenhum não, nenhum sim, nenhum olhar. NADA, NADA, NADA.
Eu espero que depois disso tudo, valha a pena. Eu quero, desejo mais do que tudo que valha a pena. O medo me acompanha há cinco meses, mas sinto que agora ele fica cada dia mais forte. Tá chegando, tá chegando, ele martela na minha cabeça. Eu espero que final do semestre que vem eu venha lhes contar sobre como foi os cinco meses na UnB, espero que eu conte mais sobre uma vida universitária... Uma menina que vira mulher e mostra ao mundo que cada minuto que passou valeu a pena.